quinta-feira, 20 de março de 2014

revistalaliga.com - Guarin: "Jogar na Seleção era algo muito especial"

Entrevista de Guarin para a Revista 'La Liga', feita pelo jornalista Quique Wolff:

Que bom encontra-me contigo. Como estas, Fredy?
"Muito bem. Muito obrigado". 

És muito jovem. Que idade tens e há quanto tempo estás no Inter?
"Tenho 27 anos e estou à 2 anos no Inter". 

Tiveste que percorrer um longo caminho para chegar ao Inter aos 25 anos. Onde começaste?
"Comecei no Huila, com o treinador Bernardo Redín. Depois passei para o Envigado, que foi onde me estabeleci como profissional". 

E com quem estiveste aí?
"Com o Hugo Castaño, estive praticamente 2 anos e meio até 2005, quando fui para o Boca Juniors, onde estive 1 ano de empréstimo com opção de compra. Nos primeiros 6 meses estive na terceira divisão, onde tive uma bonita experiência com o treinador 'Chueco' Alves. Depois passei para a primeira divisão, com o 'Coco' Basile e ganhamos o campeonato argentino. Nesse semestre joguei 2 jogos, contra Rosario Central, de visitante, e com o San Lorenzo". 

Com o San Lorenzo jogaste no 'La Bombonera'?
"Sim, joguei todo o segundo tempo". 

Era lindo jogar no 'La Bombonera'...
"Lindo, especial. Jogar naquele campo é único". 

Estou a falar com alguém que chegou ao Inter e que diz que jogar no 'La Bombonera' é único.
"Sim, digo e continuarei a dizer toda a minha vida, porque para mim 'La Bombonera' foi sempre especial. É que antes de eu chegar ao Boca Junior, eu ja era 'xeneize'. Para mim, o chegar ali e conhecer jogadores como Palermo, o 'mellizo' Guillermo... foram sensações muito especiais que marcaram a minha vida".

E o 'Coco' como é que te tratava?
"Sempre me tratou bem. Dizia-me com a sua voz rouca: <<Esse negro tem um canhão>>. Foi uma linda experiência com o 'Coco' e com o seu assistente 'Panadero'". 

E depois do Boca, para onde foste?
"Para o Saint-Éttiene. Lá estive com Daniel Bilos e com Ignacio Piatti". 

Eras muito jovem, seguramente que não foi fácil. "
Não foi nada fácil porque fui para lá com 20 anos. Era uma cidade pequena, quase uma povoação; era fria e eu jogava pouco. E então dificultou a minha adaptação. Aí também fiquei 2 anos a aprender sobre aquele futebol tão duro". 

Mas tudo te ajuda. Dizes-me que tudo foi diferente ao que estavas habituado. O frio...
"Sim, sim, sim, muito frio, neve. Era algo impressionante. Mas como tu dizes, tudo ajuda. Foram experiências que me tornaram mais forte". 

E estavas sozinho?
"Não. Graças a Deus estava com a minha esposa e o meu filho, o maior". 

Mas também foi difícil para eles, não?
"Obviamente. Para eles foi pior, porque ficavam o tempo todo em casa. Eu pelo menos saía e distraía-me nos treinos e jogos. Mas, depois em 2008 o Porto tomou a decisão de comprar-me".

E aí a história mudou.
"Aí mudou totalmente. Estávamos numa cidade linda, com pessoas mais latinas, mais parecidas a nós. O idioma era muito mais fácil de aprender. Para a minha família foi algo muito positivo". 

E os companheiros de equipa?
"Sim, quando cheguei havia 9 argentinos, 3 uruguaios, e 5 ou 6 brasileiros, ou seja, éramos uma equipa sul-americana, e isso para mim foi encontrar uma vida nova. Não é que estive mal em França, mas a vida lá é muito dura, e no Porto foi algo diferente". 

Estiveste bem no Porto, certo?
"Sim, mas o primeiro ano foi muito difícil porque tive que habituar-me ao jogo, às pessoas, ao campeonato. Mas tive grandes companheiros e uma grande treinador, Jesualdo Ferreira, que me ajudou em tudo. Ajudou-me em tudo esse senhor". 

Mas também foi inteligente porque viu em ti grande potencial e deu-te a confiança que necessitavas para explorar o teu talento ao máximo.
"Isso foi o que ele fez, porque dizia-me <<tens excelentes condições mas deves trabalhar nisto ou naquilo>>. Sempre aproveitei os seus conselhos e isso serviu-me muito". 

E depois foram todos os títulos. 
"Sim, foi muito melhor porque chegou o Radamel à equipa. Com ele ganhamos o campeonato e a Liga Europa". 

E como foi isso da Liga Europa? 
"Se comparar os torneios que já joguei, a Liga Europa foi a melhor. Digo isto porque a ganhei, porque é claro que a Champions é melhor. Para ganharmos tivemos que jogar em diferentes países, com diferentes climas e estilos. Recordo quando fomos jogar a Viena, com -3°C, num campo branco porque estava coberta de neve. Antes do jogo, dissemos que se ganhássemos naquelas circunstâncias, ganhávamos em qualquer lado e éramos campeões. Nesse dia, ganhamos com Hat-trick de Falcao". 

E a final... inesquecível, certo? 
"Sim, jogamos contra o Sporting de Braga, outra boa equipa portuguesa. Esse dia e o esse golo, com que ganhamos que foi de cabeça de Falcao depois de um passe meu, são recordações para uma dia relembrar quando já estiver velho". 

Antes de me contares sobre o Inter, fala-me sobre a Selecção Colombiana. Quando foi a primeira vez que foste convocado? 
"Depois de me estrear como profissional, aos 16 anos. O treinador Lara convocou-me para o Sul-americano Sub 17 na Bolívia. Lembro-me que nesse torneio marquei um dos melhores golos da minha vida, num jogo contra o Brasil que ganhamos 1-0". 

Como foi esse golo? 
"Deram-me a bola para a minha metade do campo pela direita; avancei uns 10 metros e chutei-a com toda a minha potência. A bola fez um efeito impressionante". 

E quando foi a primeira fez que te convocaram para a Seleção principal? 
"Em 2006 quando estava no Boca Juniors. Convocou-me o treinador Reinaldo Rueda para jogar uns amigáveis antes do Mundial. Jogamos contra a Alemanha, Polónia e Marrocos". 

Pôr a camisola do país é único?
"Jogar na Seleção era algo muito especial, sobretudo pelos jogadores que já estavam na equipa. Nesse tempo estive com Mondragón e Óscar Córdoba, que eram jogadores que tinha no álbum do último Mundial que a Colômbia esteve". 

Como é a Seleção com Pékerman?
"Todos me diziam que era boa pessoa. O Cambiasso tinha-me falado muito bem dele. Sabíamos que devíamos ajudá-lo em todo para irmos ao Mundial". 

E porque têm uma geração de jogadores que...
"Era isso que te ia dizer: com os jogadores que temos, tínhamos que nos classificar para o Mundial. Era uma alegria que tínhamos que dar às nossas famílias e ao nosso país. Contamos com um técnico experiente, que já tem vários mundiais juvenis e um de maiores, e por isso vamos fazer tudo para que ele nos guie a fazer uma bom Mundial no Brasil". 

A Colômbia, penso eu, que esta na elite, porque tem jogadores que como tu estão em equipas como o Inter. Como chegaste a Itália?
"Já a algum tempo que queria vir para cá. Dois anos antes de chegar ao Inter, tinha falado com Iván Córdoba para que me ajudasse a chegar aqui. Nesse momento, apenas estava a começar a aparecer no Porto, não era o jogador que sou hoje, que já ganhou muitos títulos. Mas disse-lhe com convicção e ele respondeu-me <<Sim Guaro, vou tê-lo em conta>>. Logo que soube que estavam interessados em mim, disse ao meu empresário Marcelo Ferreyra <<É agora. Esta é a oportunidade que queria e vou aproveitá-la>>. Um dia sonhei, um dia pensei, um dia conquistei, assim espero continuar a minha carreira, dando muitas alegrias à minha família desde Itália".

En Español, aqui.
Traduzido por: Fredy Guarin Fãs

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