ojogo.pt - "A Champions é um sonho"

Não fora o aspecto mais que perfeito dado pelo contorno atlético desenhado na t-shirt branca a condizer com um boné com traços de cor e a descontracção de Guarín, protegida pelas lentes escuras dos Ray Ban, teria passado completamente despercebida, ao final da manhã de ontem, no Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Afinal, a discrição é um dos predicados do médio colombiano, que não anda por aí a exibir em público aquele sorriso que se lhe abre, deslumbrado, com os golos fantásticos que vai assinando. Nunca se lhe viram tantos nem tão belos como os cinco desta temporada de sonho para o FC Porto e para Guarín, que foi de férias a saborear as conquistas colectivas e pessoais. "Fizemos um óptimo trabalho, realizámos um sonho que tínhamos no início da época. Foi essa a mensagem que nos passaram, tínhamos essa ilusão e conseguimos realizá-la, com um trabalho muito bom", resumiu, lembrando que a gestão dos sonhos de conquista foi exemplar. Acumular troféus foi a "mensagem transmitida", ainda que o plantel se tenha concentrado nos pequenos passos, até chegar ao surpreendente total de cinco troféus: "Era preciso aquele trabalho, jogo a jogo, dia após dia. Sabíamos que não podíamos chegar ao cinco antes do um; então, o mais importante foi gerir cada momento como o de maior importância. Creio que foi um dos aspectos positivos desta época, ter sabido encará-la dessa maneira."

Para lá do prazer da conquista colectiva, Guarín sentiu, ao terceiro ano entre os dragões, que a caminhada de afirmação valeu a pena. Hoje, por mais discreto que seja, não há adepto, portista ou não, que lhe negue um sorriso de admiração pelo desempenho a meio-campo. "O facto de ter jogado mais e com continuidade foi muito importante", admitiu: "Por todo o trabalho que fiz nos treinos, tive a oportunidade de jogar como titular. Foi como uma recompensa por não ter baixado os braços, por ter insistido em trabalhar. Sabia que o meu momento na equipa inicial ia chegar, e por isso trabalhei."

Como outros portistas que, ontem, desfilaram pela zona de partidas de Pedras Rubras, também Guarín citou repetidamente o termo "trabalho", na evocação da temporada. No caso dele, valeu a conquista da titularidade, que perseguia há muito: "Ter a confiança do treinador é sempre fundamental para um jogador. É primordial. Jogar é também muito importante, porque, jogando, aprende-se mais facilmente. Depois, houve o meu trabalho mental, de querer, de nunca baixar os braços. Creio que me ajudou muito e, hoje, posso dizer que valeu a pena chegar, esperar, ter paciência e trabalhar."

Para lá das férias, o horizonte de Guarín mantém-se no Dragão. O colombiano entende que está apenas a começar a colher os frutos de todo o esforço de afirmação. "Quero continuar a cumprir o sonho neste clube, tenho grandes hipóteses. Passei por uma fase difícil, creio que é chegado o momento de desfrutar de tudo o que não desfrutei, nos primeiros anos. Quero ficar e continuar a ter muitas alegrias neste clube", despediu-se, deixando a promessa que os portistas mais querem ouvir - a Liga dos Campeões é o próximo sonho portista, declarado com a ponderação que é típica do jogo de Guarín: "Vai ser muito importante. Pensando com calma e encarando-o como o fizemos este ano, é um sonho que vamos ter, é uma ilusão, mas, claro, há que ir pensando as coisas com calma, passo a passo. A ilusão nunca se pode perder. Há sonhos que nunca se chegam a realizar e este tentaremos cumpri-lo, com todo o nosso esforço."