sexta-feira, 1 de abril de 2011

maisfutebol.iol.pt - Guarín ou Gaitán: quem marca golos mais bonitos?

Nico Gaitán e Freddy Guarín constituem as promessas de imprevisibilidade no marcador do clássico. O argentino do Benfica festeja há dois jogos consecutivos, o colombiano do F.C. Porto deixou a sua marca nos últimos quatro. Dois estilos, o mesmo objectivo: espectáculo.

O Benfica ataca com Cardozo e Saviola, o F.C. Porto responde com Falcao e Hulk. Quando estes falham, sobra quem vem de trás. Gaitán e Guarín são o rosto dos golos bonitos, de momentos de inspiração individual para benefício do colectivo.

Os dois jogadores, bem diferentes por sinal, partilham algumas curiosidades. Cruzaram-se, por exemplo, no Boca Juniors em 2005, sem terem pisado os mesmos relvados. Esta época, competem pelo melhor golo da Liga 2010/11. O arco de Gaitán em Paços de Ferreira surpreendeu pela técnica. A bomba de Guarín frente ao Marítimo encantou pela potência.

Flores no comboio para o futebol europeu

Nicolás Gaitán, 23 anos, afastou progressivamente a desconfiança. Investimento avultado na substituição de Angel Di María. O jogo pausado de El Zurdo estranha-se, depois entranha-se. Leva nove golos na época de estreia na Europa.

Nem sempre foi assim. Na infância, Gaitán seguia os irmãos para ganhar uns trocos, vendendo flores nos comboios. A humildade foi constantemente colocada à prova. Franzino, de passada lenta, foi levado para o Boca Juniors com tenra idade, mas raramente jogava.

«Houve até um ano em que ia sair para o Velez. Mas eu não o deixei. Não o metiam porque era frágil, mas sempre acreditei nele. Tem um pé esquerdo fantástico. Ainda vai crescer mais e não tenho dúvidas. Será melhor que Di María», garante Ramón Maddoni, o homem que o descobriu, ao Maisfutebol.

Ramón Maddoni celebrou o seu 70º aniversário na terça-feira. Segundos após a meia-noite, recebeu uma prenda inesperada. «Ligou-me a mãe de Gaitán, dando-me os parabéns e agradecendo tudo o que fiz pelo filho, que poucas horas depois foi titular na selecção. Tenho muito orgulho naquele rapaz», acrescenta o célebre formador de jovens.

As empadas, o luto e o passado como avançado

Freddy Guarín é diferente. Jogou desde cedo, estagnou, rebentou definitivamente esta época. Quatro jogos consecutivos a marcar de dragão ao peito. Deverá ser titular no clássico, ameaçando o lugar de Belluschi. Na terceira época, a confirmação do talento.

Nico recorre à técnica, Freddy responde com força. Tem uma meia distância sem paralelo, uma potência maturada em 24 anos de vivências complexas. Cresceu em Puerto Boyacá, uma cidade mergulhada num clima de guerrilha. Aos dez, ficou traumatizado com a morte de uma irmã, atropelada. Os pais perceberam a dor e tiraram-no daquele filme. Foi para Ibagué.

De raízes humildes, vendia as empadas feitas pela mãe, enquanto pedia chuteiras a colegas mais velhos para jogar futebol. Em 2002, com 16 anos, estreou-se profissionalmente, ao serviço do Deportes Tulúa. Seguiu para o Enviado, foi emprestado ao Boca Juniors mas fez apenas um par de jogos na equipa principal. Seguiu-se o Saint-Étienne e o F.C. Porto.

Guarín cresceu como ponta-de-lança. Na selecção sub-17 da Colômbia, com Eduardo Lara, recuou para o meio-campo. Sem perder o apetite pelas balizas contrárias. «Era obcecado pelos remates de longe. Muito mais frágil fisicamente, muito mais limitado com a bola, mas já extremamente competente no pontapé. Tive de o domar», resumiu Hugo Castaño, antigo treinador do Envigado, ao nosso jornal, em Janeiro de 2011.

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