Passe de Guarín e golpe de cabeça de Falcao. A Colômbia explodiu de alegria, tomando como seu o sucesso do FC Porto. Em Medellin, na casa de Boyaco, foi a loucura total. Pausa: em casa de quem? Guarín, que para o pai, Fredy Walter, é, e será sempre, Boyaco. A mãe, Silvia, roía as unhas até aos cotovelos; também lá estavam Andreína, a esposa; Dana, a filha, que festejava três meses de vida, Daniel Alejandro, o filho de seis anos que esqueceu a febre; e também os sogros, Juan e Margarida. Uma claque de dez pessoas, todas a torcer por Guarín. "Sei que foi uma festa, mandaram-me muitas fotos; é um orgulho para mim ter feito toda a minha família, e os meus avós em particular, felizes", desabafava o médio mais tarde, aos microfones da rádio Caracol. O orgulho estendeu-se ao país, que Guarín, Falcao e James carregaram às costas na hora de erguer a Taça. "Temos sempre bandeiras na mala, independentemente do resultado e do jogo. É um orgulho ter um título europeu". A festa foi completa.
Ou quase completa. Quando Guarín e os outros chegaram ao hotel, havia uma surpresa preparada. Acenderam-se as luzes e lá estavam os familiares, não os dele que tinham viajado para a Colômbia, claro. "Foi um momento inesquecível e inesperado; jantámos juntos, festejámos e depois eles voltaram ao hotel onde estavam e nós fomos descansar, porque temos outra final".
Durante horas, Guarín reviveu o momento especial que deu a vitória ao FC Porto. "Recuperei a bola, dei dois toques para a frente, mas vi que não havia ninguém na área e também não estava em posição favorável para rematar. Voltei para trás, com uma finta, a ganhar espaço, e vi o Falcao na área. Lancei-lhe a bola para a zona do penálti e ele, com uma 'cabeçazo' marcou". Depois, El Tigre chorou. "Vive tudo com muita emoção; foi um momento muito feliz", relata Guarín.
O relato corria-lhe assim, com emoção, quando o médio foi surpreendido com uma pergunta directa ao assunto: Quanto lhes rendeu a vitória? Qual é o prémio? Guarín tenta desconversar. O jornalista brinca, e insiste. Quanto? Quanto? "Não posso dizer; é normal numa equipa". Pode, isso sim, garantir que jogar e viver no Porto tem sido uma alegria. "O FC Porto é grande a nível europeu e mundial. Para o ano teremos a Champions. Estou muito feliz e a minha família também; as pessoas são amáveis, a comida é boa, muito parecida à colombiana, há praias e locais históricos para visitar". A selecção da Colômbia é que não atravessa grande momento. Nos jornais e nas rádios, multiplica-se a ideia: e por que não jogar à Porto? Guarín é diplomático na resposta, Francisco Maturana, ex-seleccionador, também foi confrontado com a sugestão. "Parece-me arriscado e vazio dizer isso; temos é de jogar como a Colômbia, adaptados aos jogadores". Se o actual seleccionador, Hernán Dario Gomez, quiser pensar no assunto, como Scolari pensou em 2004, usando a estrutura que José Mourinho montara no FC Porto, tem três peças que jogam de olhos quase fechados: Guarín, James e Falcao.
"Eu, Falcao, James e Hulk temos 'ganas' de continuar"
O sonho de lutar pela Champions é algo que passa pela cabeça de Guarín, que acredita no projecto. "Será difícil encontrar outro clube que nos proporcione estas oportunidades", diz, estendendo a raciocínio a outros. "Eu, Falcao, James e Hulk temos 'ganas' de continuar". O médio garante haver "motivação" para tal e admite que a Champions é um bom chamariz. "Continuar estes momentos lindos e fazer uma grande época", antecipa.
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